Paulo Freire, patrono da educação brasileira e intelectual brasileiro mais citado no mundo!
====================Nesta semana lembramos os nascimentos do poeta Bocage e a escritora Agatha Cristie (15), e do poeta e escritor Willian Goulding, dia 19; além do nascimento de Upton Sinclair, George R.R. Martin e Sophia Loren no dia 20 e, finalmente, Stephen King dia 21.
Mas a nossa coluna tem o prazer e a honra de lembrar aquele que é considerado um dos pensadores mais notáveis e influentes na história da pedagogia mundial, tendo inspirado o movimento chamado pedagogia crítica, nascido nesta semana, dia 19, além de ser o patrono da educação brasileira. Vamos falar de Paulo Freire.
Paulo Reglus Neves Freire nasceu dia 19 de setembro de 1921, há 98 anos, na cidade de Recife, em Pernambuco, e faleceu em São Paulo, dia 2 de maio de 1997. Ele foi o mais célebre educador brasileiro, com atuação e reconhecimento internacionais. Aliás ele é o terceiro pensador mais citado em trabalhos científicos pelo mundo, sua principal obra, "A pedagogia do oprimido", é uma referência constante na área de humanas (ele é mais citado que Vigiar e Punir de Foucault e O capital de Marx, por exemplo). Este livro, inclusive, é o único livro brasileiro a aparecer na lista dos 100 títulos mais pedidos pelas universidades de língua inglesa.
Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político.
Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. Um de seus estudos se baseia em como aproximar o conteúdo acadêmico do universo dos estudantes, fazendo com que eles se apropriem da educação.
Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.
Na década de 1960, desenvolveu uma metodologia de alfabetização popular que ficou conhecida como Método Paulo Freire. Com ela, seu grupo de trabalho alfabetizou em 45 dias 300 cortadores de cana de Angicos, pequeno município no Rio Grande do Norte.
Após essa experiência o governo de João Goulart lançou o Plano Nacional de Alfabetização que pretendia a formação em massa de educadores. O Golpe Militar, porém, pôs um fim ao plano e levou o educador ao exílio.
Enquanto era proscrito no Brasil - sua teoria sobre educação e valores é ponto de controvérsia até hoje - o educador tornou-se referência internacional, influenciando metodologias educacionais em países tão distintos como os Estados Unidos e Kosovo.
O pensamento central do educador se destaca, entre outros pontos, por: considerar o caráter emancipatório da educação e buscar conscientizar os alunos para fazer deles pessoas críticas, transformadores de suas realidades.
Infelizmente Freire tem sido muito atacado nos últimos anos, sobretudo no Brasil, em sua maioria, por pessoas que não conhecem sua obra nem teórica nem prática. Claro, Paulo Freire nunca se quis unânime (isso iria contra a sua percepção de educação), mas o tipo de crítica que ele vem sofrendo é totalmente alienígena à sua obra, desconhecendo seus princípios fundamentais. Sou professor há mais de 20 anos e a influência que Freire tem não só na minha, mas na formação de milhares (talvez, milhões) de professores ao redor do mundo é impactante. Afinal, criar seres pensantes e com senso crítico é muito mais civilizatório do que formar pessoas acríticos.
Eu recomendo nesta semana que nos aprofundemos nas questões da obra de Freire através de dois livros seus, o clássico "A Pedagogia do oprimido" e "A pedagogia da autonomia" e, claro, "A importância do ato de ler". Encerro com uma de suas mais célebres frases, "Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor". Que formemos uma geração sem oprimidos nem opressores.
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