O maestro e compositor Jorge Antunes teve estreia europeia da sua ópera Olga, de 2006. Três apresentações ocorreram na Polônia, na Ópera Baltycka, de Gdansk, e outras cinco estão previstas até março. Antunes, considerado o pai da música eletrônica no Brasil, nos anos 1960, também passa por Paris, onde participa do Festival En Chair et En Son, em Issy-Les-Moulineaux, ao sul da capital. O artista traz uma obra inédita, possível graças à proposta inusitada do evento: músicos e dançarinos que não se conheciam “se escolhem” e realizam uma performance conjunta, efêmera. Na viagem, o maestro ainda recebeu uma boa notícia: foi um dos selecionados para uma bolsa Icatu des Arts, da Cité des Arts, da capital francesa, onde pretende finalizar sua nova ópera, sobre a história da imperatriz Leopoldina. A expectativa é de que o projeto possa estrear em 2022, durante as comemorações do bicentenário da independência do Brasil. “É uma figura importantíssima da independência do Brasil. Os historiadores são unânimes em dizer que José Bonifácio e ela foram os grandes mentores da independência e fizeram a cabeça de Dom Pedro II, que era muito doido, mulherengo e desorganizado”, conta Antunes. Política é “preocupação permanente” A ópera Olga também homenageia outra figura feminina, Olga Benário. O trabalho de Antunes é permeado por influências políticas, como na composição da Sinfonia dos Direitos, de 2017. A obra incluía buzinas, se opunha às reformas do ex-presidente Michel Temer e pedia a realização de novas eleições. Agora, ele diz não ter um novo projeto específico que envolva a política – mas comenta que, de alguma forma, seus posicionamentos acabam aparecendo no seu trabalho. “É permanente, essa minha preocupação. É muito difícil ficar alheio desse momento que o Brasil e o mundo vivem”, afirma. “Isso é algo permanente na minha cabeça e é difícil fazer música pura, para mim". Confira abaixo a íntegra da entrevista em vídeo
Comentarios